segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Mercado de Taxas de Juros: 14/01/2011

A estrutura a termo das taxas de juros, de acordo com Beto Veiga, “é uma demonstração gráfica de como o mercado está apreçando o risco”. O risco é aqui representado pelas expectativas do mercado em relação às taxas de juros que serão definidas pela autoridade monetária, Bacen, para os próximos meses. De acordo com a Circular nº 2792 do Bacen: “os vértices (prazos) em vigor para efeito de construção da estrutura a termo das taxas de juros prefixadas são os prazos de 1, 21, 42, 63, 126, 252, 504 e 756 dias úteis.”

Podemos verificar no gráfico abaixo que as curvas de juros apresentaram um deslocamento para cima indicando a possibilidade aumentos das taxas nos próximos meses. O aquecimento da economia e a alta na inflação ratificam as expectativas do mercado em torno de futuras elevações nos juros.


Segundo Carvalho o aumento na atividade “conduz a um nível de gasto e de renda maior que, por sua vez, aumenta a demanda por moeda na economia". (CARVALHO [et. al.], 2000, pág. 121) Esse aumento na demanda por moeda pressiona a alta da inflação na economia do país. Segundo Dornbusch&Fischer quando a demanda monetária se torna uma “fonte de instabilidade na economia” o Bacen “deve concentrar-se nas metas da taxa de juros (leia-se taxa selic)” (DORNBUSCH&FISCHER, 1991, pág. 490). Em outras palavras, o Bacen buscará elevar a taxa selic como forma de poder desestimular o consumo e nível de atividade para conter a alta dos preços.

Além da atividade econômica aquecida outro fator que vem pressionando a inflação no Brasil tem sido a alta dos preços do grupo Alimentação. Os preços dos alimentos começaram a sofrer sucessivos aumentos, principalmente, após o início do último trimestre de 2010 - em conseqüência dos movimentos especulativos nos contratos futuros destas commodities e dos problemas climáticos enfrentados pelos países produtores. Por ser um item essencial no consumo das famílias, a autoridade monetária buscará, por meio da elevação das taxas de juros, conter demanda dos demais itens, considerados de segunda necessidade, através da elevação das taxas de juros.

A elevação das taxas de juros em ambos os casos tende - via de regra - a desestimular o consumo, com o encarecimento do crédito, reduzindo o nível de atividade e renda do país. Com a desaceleração do aumento da renda nacional os preços dos bens considerados de segunda necessidade não serão pressionados; pois reprimindo a demanda agregada, já afetada pela alta dos preços dos alimentos, boa parte do consumo da população se concentrará nos bens considerados essenciais. Como resultado: a inflação, - hoje estimada em 5,47% para 2011, pelo boletim Focus -, poderá convergir para a meta oficial de 4,5% nos próximos dois anos.

Referência Bibliográfica

BANCO CENTRAL DO BRASIL. Nota Técnica sobre a Circular nº 2.972, de 23 de março de 2000.

______________________. Focus – Relatório de Mercado de 14 de janeiro de 2011.
Disponível em: http://www4.bcb.gov.br/pec/GCI/PORT/readout/R20110114.pdf - acesso feito em 17/01/2011 às 19h15.

BLANCHARD, Olivier. Macroeconomia. São Paulo: Pearson Education, 2004, 3ª edição.

BOLSA DE MERCADORIAS E FUTUROS. Taxas Referenciais BM&F. Disponível em: http://www2.bmf.com.br/pages/portal/portal/boletim1/TxRef1.asp

BRADESCO. Boletim Diário Matinal de 17/01/2011. Economia em Dia - disponível em: http://www.economiaemdia.com.br/ - acesso feito em 17/01/2011.

CARVALHO, Fernando J. Cardim de; [et al.] Economia monetária e financeira: teoria e prática. Rio de Janeiro: Elsevier, 2000 – 9ª reimpressão.

DORNBUSCH, Rudiger, FISCHER, Stanley. Macroeconomia. São Paulo: Makron, McGraw-Hill, 1991.

GARCIA, Marcio G. P. A Estrutura a Termo das Taxas de Juros. Rio de Janeiro: PUC-RJ. Disponível em: http://www.econ.puc-rio.br/Mgarcia/ - acesso feito em 17/01/2011 às 11h00.

O ESTADO DE SÃO PAULO. Alimentos atingem preço recorde, diz ONU. Publicado em 05/01/2011 às 17h03. Disponível em http://www.estadao.com.br/noticias/internacional,alimentos-atingem-preco-recorde-diz-onu,662453,0.htm – Acesso feito em 06/01/2011 às 11h45

MANKIW, Gregory. Macroeconomia. 5ª edição. Rio de Janeiro: LTC, 2004.

TRICHES, Divanildo; CALDART, Wilson Luis. As teorias da estrutura a termo das taxas de juros da economia brasileira: uma análise da causalidade de setembro 1999 a setembro 2004. VIII Encontro de Economia da Região Sul - ANPEC SUL 2005.

VEIGA, Beto. O que é a Estrutura a Termo das Taxas de Juros. Disponível em: http://www.betoveiga.com/log/index.php/2010/05/o-que-ea-estrutura-a-termo-das-taxas-de-juros/ - acesso feito em 17/01/2011 às 14h30.

Um comentário:

  1. O governo deve tomar medidas para que a inflção no afete os mais necessitados que consomem itens básicos como alimentação e higiene.

    Caso contrário, os ricos sempre serão menos afetados e terão melhor qualidade financeira e, também, de vida.

    ResponderExcluir