segunda-feira, 13 de março de 2023

Análise dos Resultados do 4T22 - Lojas Renner (LREN3)

Melhora de margens agrada, mas top line e crédito ficam no radar

A Lojas Renner, Maior varejista de modas do país, apresentou mais uma vez um bom resultado trimestral, com destaque para os ganhos de margens observados mesmo com o cenário macro pressionando o braço de crédito e vendas, estas também sendo impactadas por eventos pontuais ao longo do último trimestre do ano.

A primeira Corporation do país, com a totalidade do seu capital pulverizado desde 2005, teve sua performance de vendas das coleções de verão afetadas pelas temperaturas mais baixas observadas no início do trimestre, registrou um fluxo mais reduzido em lojas por conta das eleições e da realização da Copa do Mundo, e por um cenário macro mais adverso que tem comprometido o varejo de vestuário como um todo. A receita líquida totalizou R$ 4,0 bilhões, crescimento de 3,7% A/A, e teve como destaques a queda de 2,5% do SSS, a performance mais tímida de Renner (+0,9%) e um quadro de vendas ainda desafiador de Camicado (-22,7% A/A), compensado parcialmente pela boa performance de Youcom (+12,4% A/A).

O EBITDA ajustado foi de R$ 918,6 milhões, crescimento de 18,4% A/A, com margem de 25,8% (+4,0 p.p. A/A). A melhora de margem se deu pela menor incidência do Programa de Participação dos Resultados observado no 4T21, pela melhora de margem bruta, especialmente em Camicado, compensado parcialmente pelas maiores despesas com implementação do CD de Cabreúva e perdas com a carteira de crédito.

O lucro líquido totalizou R$ 481,8 milhões no 4T22, crescimento de 15,9% A/A. A margem líquida ficou em 13,6%, melhora de 1,9 p.p. vs 4T21, devido ao bom desempenho operacional do varejo, compensado parcialmente por uma maior alíquota de IR/CS e pelo impacto negativo das correções monetárias da operação na Argentina sobre o resultado financeiro.

A carteira de crédito totalizou R$ 6,2 bilhões, aumento de 32,2% em relação ao ano anterior, e as perdas totalizaram 4,5% da carteira, crescimento de 1,7 p.p. na comparação com o 4T21, refletindo a deterioração do cenário de crédito no país, com o forte aumento do endividamento das famílias observado no período.

A companhia encerrou o ano com uma boa situação de caixa, com Caixa Líquido de R$ 1,09 bilhão e uma relação Caixa Líquido/EBITDA de 0,63x ex-IFRS.

A companhia segue apresentando uma sólida estrutura de capital e com suas operações rodando no “estado da arte” vs demais varejistas de vestuário, o que tem permitido girar as coleções a preço cheio, reduzindo os patamares de remarcações aos menores níveis históricos. As perspectivas de margem também seguem positivas com implementação do novo CD de Cabreúva. Entretanto, vale observar como se dará a evolução do braço de crédito (Realize) diante de um cenário macro ainda pressionando, e o desempenho de seu plano de expansão via lojas de rua em cidades menores.

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