A inflação é hoje uma das questões centrais do país. Essa é uma questão que vem atemorizando nossas autoridades. É, principalmente, o risco que corremos em perder o poder de consumo e que afeta as tomadas de decisões das empresas. Deve-se combater essa ameaça e dentre as medidas adotadas pelo governo destacou-se, na última semana, o reajuste do salário mínimo de R$ 545. É natural e compreensível que a população fique insatisfeita com tal reajuste, mas, no longo prazo, essa medida será salutar para a manutenção do crescimento do país e na geração de empregos.
O mercado financeiro já entende, conforme representado nos vértices (vencimentos) mais longos da curva de juros, que as medidas restritivas adotadas pelo governo poderão surtir efeito já no próximo ano. A aprovação do valor de R$ 545 para o salário mínimo elevou a confiança dos investidores de que a política fiscal do governo será mais austera e poderá conter a alta dos preços já a partir do próximo ano.
No curto prazo a piora nas expectativas de inflação para 2011 e 2012 divulgadas no boletim Focus se confirmaram na alta dos vértices mais curtos na última semana.
Com base nas variações diárias dos retornos obtidos nos últimos dias e convertidos na taxa mensal podemos verificar que os títulos atrelados a taxa Selic (IMA-S) vêm apresentando uma boa relação risco vs retorno nos últimos trinta dias com uma rentabilidade média próxima a 1,5% ao mês. Os papéis pré fixados com prazo inferior a 01 (um) ano (IRF-M 1) também apresentaram retornos satisfatórios, mas com um desvio padrão maior se comparado às LFTs (IMA-S).
Na outra ponta verifica-se que os papéis atrelados a inflação com prazos superiores a cinco anos (IMA-B 5+) vêm apresentando uma forte volatilidade e desempenho negativo nos últimos 30 (trinta) dias.
Apesar do desempenho negativo para alguns vencimentos os papéis atrelados a inflação com prazo inferior a 05 (cinco) anos (IMA-B 5) são uma opção interessante para os próximos meses, pois conforme analisamos as perspectivas são de que tenhamos uma pressão altista nos preços até meados de 2012 o que favorecerá no retorno destes papéis.
As expectativas para o IPCA de 2011 e 2012 divulgadas pelo boletim Focus de 18 de fevereiro continuaram se deteriorando. As expectativas passaram de, respectivamente, 5,75% e 4,7% no dia 11 de fevereiro para 5,79% e 4,78% - conforme podemos observar no gráfico abaixo:
A piora nas expectativas de inflação e o resultado do IPCA-15, que será divulgado amanhã (22/02) e cuja expectativa gira em torno de uma alta de 1%, poderão pressionar as curvas de juros nos vértices (vencimentos) mais curtos e favorecer os papéis atrelados a taxa de juros (IMA-S) nesta semana.
Referência bibliográfica
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segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011
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