segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Mercado de Taxas de Juros: 25/02/2011

Desde já gostaria de agradecer pelos comentários feitos em relação ao último texto postado neste blog. Todos foram enriquecedores para mim e permitiram a realização de alguns ajustes que julgo possibilitarão uma melhor compreensão do comportamento dos títulos públicos.

Mas eu quero tratar neste texto, como de praxe, do comportamento das taxas de juros ao longo da última semana e comparar seu desempenho em relação a semana e mês anterior.
Na última semana pudemos notar que os juros para os vértices mais curtos apresentaram uma considerável aceleração, impactando, principalmente, a performance dos papéis pré fixados com prazo superior a 1 ano.

Conforme antecipado na semana passada a piora nas expectativas de inflação contribuíram para a alta dos juros nos vértices mais curto.

Outro fator que pesou na formação das taxas foram as apostas do mercado em relação a uma postura mais agressiva do Copom na próxima reunião que ocorrerá entre os dias 01 e 02 de março.

Segundo a Agência Estado, por semanas as apostas eram de que o Copom elevasse os juros em 0,5%, mas na última semana prevaleceram as expectativas para uma alta de 0,75% na taxa Selic.

Já o resultado do IPCA-15 – que é uma prévia do IPCA oficial que será divulgado pelo IBGE no dia 04 de março – apresentou uma variação positiva de 0,97% vindo em linha com as expectativas do mercado e acabou não tendo grande peso na formação das taxas futuras de juros na BM&F.

O mercado acredita que, por conta da desaceleração dos grupos de alimentação e vestuário, o IPCA do mês de fevereiro apresente uma melhora em relação ao resultado verificado no mês de janeiro.

No longo prazo as expectativas permaneceram praticamente inalteradas, refletindo a confiança dos agentes em torno da eficácia das medidas monetárias, creditícias e fiscais adotadas pelo Banco Central e Ministério da Fazenda.


Já no mercado de títulos públicos o destaque ficou para os papéis pré fixados com prazos superiores a 1 ano (IRF-M 1+).

Estes títulos apresentaram uma performance média superior aos demais papéis no acumulado do mês, até o dia 25, ao registrar uma alta de 1,44%.

Contudo, acompanhando a alta dos juros futuros, podemos verificar que houve uma forte desaceleração destes papéis na última semana - via de regra, uma vez que os juros sobem, os títulos pré fixados tendem a cair.


O cenário inflacionário traçado pelo mercado para os próximos meses apresentou uma melhora. As expectativas para 2011 e 2012 mantiveram-se estáveis após semanas de deterioração.

Já para os próximos 12 meses as expectativas continuaram apresentando uma melhora passando de uma alta de 5,41% na apuração do dia 18 para 5,35% na última semana - conforme podemos observar no gráfico abaixo:


Acabo de receber o relatório da Agência Estado-Broadcast informando que o detalhamento dos cortes que serão realizados no orçamento do governo agradou o mercado e está levando a uma queda nas taxas de juros.

A especificação destes cortes nos gastos permite ao mercado analisar a eficácia da medida no combate a inflação e pelo que tudo indica o governo será bem sucedido nesta empreitada.

Portanto, para concluir, ressalto que a melhora nas expectativas em torno da inflação, a divulgação do IPCA e, agora, este pronunciamento do governo acerca do detalhamento dos cortes no orçamento tenderão a beneficiar a queda dos juros futuros e melhora no desempenho dos papéis pré fixados nesta semana.

Referência bibliográfica

AGÊNCIA ESTADO - BROADCAST. FGV: IGP-M de Fevereiro Fica em 1,00% Ante +0,79% em Janeiro. Informativo distribuído em 25/02/2011.

_______________________________, Fechamento: Apostas em Alta de 0,75 PP Perdem Força e Aliviam Juros. Informativo distribuído em 25/02/2011.

_______________________________. Cenário-1: Detalhamento do Corte Agrada e Juros Aceleram a Queda. Informativo distribuído em 28/02/2011.

BANCO CENTRAL DO BRASIL. Nota Técnica sobre a Circular nº 2.972, de 23 de março de 2000.

__________________. Focus – Relatório de Mercado.
Disponível em: http://www4.bcb.gov.br/pec/GCI/PORT/readout/readout.asp

BLANCHARD, Olivier. Macroeconomia. São Paulo: Pearson Education, 2004, 3ª edição.

BOLSA DE MERCADORIAS E FUTUROS. Taxas Referenciais BM&F. Disponível em: http://www2.bmf.com.br/pages/portal/portal/boletim1/TxRef1.asp

CARVALHO, Fernando J. Cardim de; [et al.] Economia monetária e financeira: teoria e prática. Rio de Janeiro: Elsevier, 2000 – 9ª reimpressão.

DORNBUSCH, Rudiger, FISCHER, Stanley. Macroeconomia. São Paulo: Makron, McGraw-Hill, 1991.

MANKIW, Gregory. Macroeconomia. 5ª edição. Rio de Janeiro: LTC, 2004.

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