Por Carlos Soares Rodrigues,
O mercado de juros futuros apresentou uma sessão de trégua após os sucessivos pregões de alta decorrentes do pessimismo que tomou conta do mercado local. O comunicado feito pela autoridade monetária brasileira ao encerrar o encontro
do Comitê de Política Monetária – Copom, de ontem, sinalizou para o fim do
aumento da meta Selic por “período suficientemente prolongado” e fez com que as
posições dos investidores, que apostavam num ciclo maior de alta, se ajustassem
no pregão de hoje.
Contudo o céu ainda não continua de brigadeiro: tivemos a divulgação do péssimo resultado fiscal do
governo (central) e o bom PIB americano. No acumulado do primeiro semestre
o governo central brasileiro apresentou um déficit de R$ 1,6 bilhão – o primeiro
déficit para o período na história. Isso significa que, apesar da queda das
receitas do governo (arrecadação de impostos diante da recessão que
enfrentamos), a inflação pode ser afetada pela alta do dólar decorrente da perda
do grau de investimentos – qualquer cidadão endividado tem sua avaliação de
crédito comprometida, com um país a situação não é diferente.
O Produto Interno Bruto (PIB) norte americano subiu 2,3% no
segundo trimestre de 2015 e abre espaço para que o Federal Reserve inicie o
ciclo de alta na taxa de juros dos Estados Unidos. Com os títulos oferecendo um
retorno maior (e menor risco) lá fora a tendência é de que tenhamos fuga de
capitais em busca de melhores oportunidades de investimentos por parte dos
agentes de mercado. Resultado disso: nova pressão no dólar e na inflação por
aqui. No médio prazo: mais pressão na nossa inflação e necessidade do Copom
retomar o aperto monetário.
Os títulos de Tesouro IPCA+ com Juros Semestrais 2050 (NTNB)
encerraram cotados, a R$ 2.584,96 na
compra (link
– acessado em 30/07/2015 às 18:15), representando uma alta de +0,11% em relação
ao preço de referência de ontem divulgado pela Anbima (link – acesso feito
dia 30/07/2015 às 18:03).
Para esta sexta-feira teremos a divulgação do superávit primário
do setor público consolidado, que engloba estados e municípios, que, ao meu ver, irá pressionar as taxas de juros para cima. Os motivos dessa alta, na minha
avaliação, são os mesmos explicitados acima: deterioração das contas públicas
levando a perda do grau de investimentos, alta do dólar, aumento nos preços e, portanto, pressão nas taxas de juros.
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