sexta-feira, 3 de agosto de 2018

Morning Call - 03/08/2018

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Por Carlos Soares, CNPI

Em mais um capítulo da errática política comercial de Donald Trump e às vésperas da divulgação dos dados oficiais do mercado de trabalho norte-americano, os juros futuros por aqui subiram praticamente em bloco em todos os vencimentos, seguindo de perto a variação do dólar.

O presidente norte-americano voltou a ameaçar impor tarifas sobre os produtos chineses. Desta vez, o governo Trump anunciou que pretende elevar as tarifas sobre uma lista de produtos do gigante asiático de 10 por cento para 25 por cento. Somados estes produtos respondem atualmente por US$ 200 bilhões das importações dos EUA. Caso se confirme a resposta do governo de Pequim deve ser imediata, lembrando que os chineses são os maiores detentores da dívida pública norte-americana com reservas que superam US$ 1 trilhão.

Hoje pela manhã a agenda econômica traz mais um indicador importante que deve ditar o rumo dos negócios nos próximos dias: os dados oficiais de emprego nos EUA. As expectativas do mercado são de que a maior economia do planeta tenha gerado cerca de 193 mil novos postos de trabalho no mês de julho, mas o detalhe que deve mexer com os ânimos dos investidores será o salário médio por hora trabalhada que, segundo estimativas, pode ter registrado um aumento de 2,7% em relação a julho do ano passado - um resultado acima disto deve reacender as preocupações em relação às pressões inflacionárias no país e trazer de volta a discussão em torno do ritmo de alta na taxa de juros nos EUA.

Mas mesmo assim tivemos um alento no noticiário econômico nesta quinta-feira: a boa notícia veio da produção industrial brasileira que se recuperou do tombo sofrido no mês de maio e registrou um crescimento de 13,1% no mês de junho. No ano, a produção industrial do país acumula alta de 2,3% sendo puxada, principalmente, pelos setores de bens de capital (máquinas e equipamentos, por exemplo) e bens de consumo duráveis (como eletrodomésticos).

As incertezas em relação ao cenário eleitoral local e ao comércio externo permanecem. Devemos observar de perto a evolução do quadro inflacionário norte-americano, pois, na minha avaliação, será o principal gatilho para disparar quaisquer mudanças nas expectativas de taxa de juros nos EUA com potencial de atingir todos os emergentes, como ocorrido desde meados de janeiro.

Diante disso e sem vislumbrar cortes adicionais da taxa Selic, mantenho cautela em relação aos títulos indexados ao IPCA e prefixados negociados no Tesouro Direto.

Bom dia e bons negócios






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