Prezados leitores, feliz ano novo a todos!
Agradeço novamente pela visita ao meu blog e desejo-lhes que 2011 seja um ano repleto de muita saúde, realizações e alegria. Meus cumprimentos aos professores de economia da PUC-SP, - a quem sou profundamente grato pelos conhecimentos transmitidos ao longo dos anos que lá estive -, e aos professores de pós graduação do curso de Administração de Empresas da FGV Management cujos ensinamentos me deram o “caminho das pedras” para atingir meu sucesso profissional e pessoal daqui para frente. Parabenizo os professores Luiz Gonzaga de Mello Belluzzo e Antonio Côrrea de Lacerda, - este a quem tive o orgulho de ser aluno na PUC -, pelos excelentes trabalhos publicados, respectivamente, na Revista Tempo do Mundo e Editora Saraiva. Parabenizo também o Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos da FIESP, o Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial e o jornal Folha de São Paulo pelos excelentes materiais disponibilizados na internet e que foram de fundamental importância para a preparação do presente estudo.
Desejo a todos uma excelente leitura.
Tudo o que é produzido no país e vendido ao exterior é definido por nós economistas como exportação.
Muitos especialistas afirmam que é saudável para o comércio exterior de uma nação ter sua pauta exportadora composta, principalmente, por bens industrializados (que chamarei no decorrer do texto por manufaturados) e com uma parcela menos significativa de produtos básicos (também chamados de commodities).
De acordo com o gráfico abaixo, a partir do mês de outubro, pela 1ª vez em cinco anos, o valor exportado dos produtos básicos superou o valor dos produtos manufaturados exportados no Brasil.
Mas afinal de contas será que esse movimento é motivo de preocupação quanto a qualidade das nossas exportações? Será que estamos deixando de “vender aviões” para “vender soja e açúcar”? Eis as questões cujas respostas você, prezado leitor, obterá ao final deste breve artigo.
Após a eclosão da crise em 2008 tivemos o enxugamento da liquidez na economia mundial. Os países desenvolvidos, que já vinham sofrendo com os desequilíbrios externos, foram obrigados a elevar seu endividamento para socorrer o combalido setor bancário. Segundo Belluzzo “os ditos emergentes tornaram-se provedores de funding para os mercados financeiros dos consumistas e dos deficitários crônicos” (BELLUZZO, 2010, pág. 120).
As medidas de socorro ao sistema bancário permitiram uma branda recuperação nas economias desenvolvidas, mas a crise deixou como seqüelas o elevado nível de desemprego e o alto endividamento destes países. Como conseqüência, o consumo nestes países caiu e afetou nossas exportações de produtos manufaturados.
Além do desemprego elevado os Estados Unidos também se viram diante da ameaça deflacionária, levando seu governo anunciar a injeção de US$ 600 bilhões no sistema bancário como forma de estimular o consumo das famílias. Contudo, boa parte dos recursos migrou para as economias emergentes, como o Brasil, e para os contratos de commodities negociados nas principais bolsas mundiais, - em busca de maiores taxas de retorno e causando a apreciação das moedas destes países.
A apreciação do real frente ao dólar encareceu os nossos produtos no mercado mundial e, ao mesmo tempo, barateou os produtos importados dentro do mercado brasileiro.
Segundo Lacerda “atividades de substituição de importações ou, muitas vezes, de exportações demandam, num primeiro momento, o aumento de importações de bens de capital” (LACERDA, 2004, pág. 103). De acordo com levantamento realizado pela FIESP foi verificado um considerável aumento das importações de bens de capital, ou máquinas e equipamentos, após o que eles definem “período da crise internacional”. Já o IEDI apurou que até o terceiro trimestre de 2010 a taxa de crescimento da produtividade industrial atingiu a maior cifra desde 2002 ao crescer cerca de 8,5% em relação ao mesmo período de 2009.
A queda no consumo dos países desenvolvidos e a alta nos preços das commodities contribuiu para o aumento da participação dos produtos básicos no valor total das exportações brasileiras.
Entretanto, acredito que o setor manufatureiro voltará ao posto principal da pauta exportadora brasileira em virtude de três fatores: modernização do parque industrial, - decorrente do barateamento das máquinas e equipamentos importados; aumento da produtividade e retomada do consumo nos países desenvolvidos com a superação da crise.
Agradeço pela atenção, parabenizo os autores citados na referência bibliográfica e desejo a todos um excelente 2011.
Muito obrigado!
Carlos Soares Rodrigues
Referência Bibliográfica
BELLUZZO, Luiz Gonzaga de Mello. A Crise Financeira Além da Finança. Revista Tempo do Mundo / Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada. – v. 2, n. 1, (abr. 2010). – Brasília : Ipea, 2010.
FIESP – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo. O Risco da Substituição da Produção Doméstica por Importações no Setor de Máquinas e Equipamentos. Estudos Econômicos DEPECON – Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos. Novembro/2010. Disponível em: http://www.fiesp.com.br/economia/pdf/nota_maquinas_e_equips_nov_10.pdf - acesso feito em 31/12/2010 às 11h05.
FOLHA DE SÃO PAULO. Governo eleva Imposto de Importação de brinquedos a 35% para combater chineses. Publicada em 28/12/2010 - 18h10. Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/mercado/851994-governo-eleva-imposto-de-importacao-de-brinquedos-a-35-para-combater-chineses.shtml - acesso feito em 29/12/2010 – 15h37.
IEDI - Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial. Produtividade na Indústria no Terceiro Trimestre de 2010. Carta IEDI n. 448 - Publicado em 30/12/2010. Disponível em: http://www.iedi.org.br/cartas/carta_iedi_n_448_produtividade_na_industria_no_terceiro_trimestre_de_2010.html - acesso feito em 31/12/2010 às 11hh25.
LACERDA, Antonio Côrrea de. Globalização e Investimento Estrangeiro no Brasil. 2ª edição - São Paulo: Saraiva, 2004.
O Econocratum nasceu da vontade de olhar o mercado financeiro além dos números, conectando análise econômica com reflexão crítica. Aqui compartilho insights sobre investimentos, política econômica e o papel do capital na sociedade, sempre buscando traduzir o complexo de forma acessível. Mais do que acompanhar indicadores, a proposta é entender causas, impactos e contradições. Se você busca conteúdo que une técnica, questionamento e contexto, este espaço é pra você.
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