terça-feira, 19 de julho de 2011

Análise do IPCA do mês de junho de 2011

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de maio desacelerou em relação ao mês de abril ao apresentar uma alta de 0,15% - ante 0,47% do mês anterior. Apesar da desaceleração e, ao contrário da tendência verificada no mês anterior, a taxa veio significativamente acima da apurada em junho de 2010 (0,00%).



Destaques de alta

Os destaques de alta do IPCA no mês de junho foram os itens habitação, vestuário, despesas, saúde e cuidados pessoais.

Apesar da desaceleração verificada no mês (de 0,97% para 0,58%) o item habitação respondeu por 0,8 p.p. do IPCA. Abaixo os principais componentes que influenciaram o comportamento dos preços de habitação:

•Taxa de água e esgoto (de 2,32% em maio para 0,08%) decorrente dos reajustes ocorridos nas cidades de Salvador e Goiânia;
•Aluguel residencial (de 0,95% para 0,84%);
•Condomínio (de 1,01% para 0,92%) e
•Energia elétrica (de 0,87% para 0,45%).

Já o item vestuário passou de 1,19% em maio para 1,25% em junho e teve como destaque a alta de 1,54% das roupas masculinas. Respondeu por 0,8 p.p. do IPCA.

O grupo despesas pessoais apresentou desaceleração ao passar de uma alta de 0,72% no mês de maio para 0,67% em junho. Os salários dos empregados domésticos contribuíram para a alta do grupo mesmo apresentando desaceleração em relação ao mês anterior (de 1,14% para 0,33%).

Saúde e cuidados pessoais também desaceleraram, passando de 0,73% para 0,67% no mês de junho, mas a alta de 0,47% dos remédios (1,20% em maio) fez com que o item pressionasse o indicador do mês.

Juntos despesas pessoais, saúde e cuidados pessoais responderam por 0,14 p.p. do IPCA do mês.

Destaques de baixa

Já os destaques de baixa ficaram com os itens transportes, alimentação e bebidas.

Com uma queda de 0,61% o item transportes respondeu por -0,12 p.p. do IPCA. A desaceleração dos preços dos combustíveis compensou a alta das passagens aéreas e tarifas de ônibus urbano nas cidades do Rio de Janeiro, Belém e Goiânia. Automóveis usados também apresentaram aumento nos preços (de -1,26% para 0,43%), mas não foi suficiente para pressionar a inflação do grupo.

Alimentação e bebidas apresentaram uma queda de 0,26% e responderam por -0,06 p.p. do IPCA. As principais reduções ficaram para os preços da batata-inglesa (de 6,02% em maio para -11,38% em junho) e cenoura (de -9,30% para -16,31%).




Conclusão

Acredito que para os próximos meses tenhamos um cenário mais benigno para o IPCA. A alta verificada no mês corrente, cerca de 0,16 p.p., se deveu a aumentos pontuais como reajustes de preços de aluguéis e serviços (água, esgoto e energia elétrica) e alta nos preços de vestuários masculinos decorrente do início do inverno.

Não fossem estes itens o IPCA do mês de junho teria vindo com deflação de 0,01%.

A alta desses itens será diluída ao longo dos próximos meses e, confirmada a tendência, teremos um IPCA mais próximo da meta estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (4,5%).
Fontes de referência

ABITT. Site: http://www.abit.org.br/site/navegacao.asp?id_menu=21&IDIOMA=PT

BANCO CENTRAL DO BRASIL. Focus – Relatório de Mercado.
Disponível em: http://www4.bcb.gov.br/pec/GCI/PORT/readout/readout.asp

BLANCHARD, Olivier. Macroeconomia. São Paulo: Pearson Education, 2004, 3ª edição.

CARVALHO, Fernando J. Cardim de; [et al.] Economia monetária e financeira: teoria e prática. Rio de Janeiro: Elsevier, 2000 – 9ª reimpressão.

CONAB.

DORNBUSCH, Rudiger, FISCHER, Stanley. Macroeconomia. São Paulo: Makron, McGraw-Hill, 1991.

IBGE. Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo - IPCA e Índice Nacional de Preços ao Consumidor – INPC. Disponível em: http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/indicadores/precos/inpc_ipca/defaultinpc.shtm

KEYNES, John Maynard. A teoria geral do emprego, do juro e da moeda. Tradução de Mário R. da Cruz; revisão técnica de Claudio Roberto Contador. – São Paulo: Atlas, 1982.

MANKIW, Gregory. Macroeconomia. 5ª edição. Rio de Janeiro: LTC, 2004.

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