Por Carlos Soares Rodrigues,
O mercado de juros futuros reagiu em direções opostas ao
longo dos vértices (vencimentos) no dia de hoje. O Conselho Monetário Nacional
(CMN), “órgão responsável por expedir diretrizes gerais para o bom
funcionamento do Sistema Financeiro Nacional”, anunciou na noite de ontem a
meta de inflação para 2016 e 2017. Para o ano que vem a meta foi mantida, já
para 2017 o limite de tolerância foi reduzido para 1,5% do centro da meta
(4,5%) passando dos atuais 2,5%-6,5% para um intervalo de 3,0%-6,0% de IPCA a ser perseguido em 2017.
Com isso o mercado entendeu, e que já vinha especulando nos
últimos dias, que poderemos ter um aperto monetário adicional nos próximos
anos, leia-se alta na meta Selic, o que justifica a alta nos vértices mais curtos (vencimentos de prazos mais curtos) da curva de juros futuros; mas, com a possibilidade de conseguir êxito na
condução do nível de preços para dentro do novo limite, o mercado acabou dando crédito a equipe econômica e precificou uma redução dos juros nos vértices mais longos.
Diante da queda dos juros futuros mais longos, os títulos de
Tesouro IPCA+ com Juros Semestrais 2050 (NTNB) encerraram cotados, nesta sexta-feira,
a R$ 2.739,31 na compra (link
– acessado em 26-6-15 às 18:30).
Reproduzo a avaliação do economista Luiz Carlos Mendonça de
Barros, em artigo publicado no jornal Folha de São Paulo, nesta sexta-feira,
para ilustrar o cenário base de queda na inflação que venho prevendo para os próximos meses, cujos impactos serão sentidos nos rendimentos NTN-Bs:
“Foi o
excesso de consumo no primeiro mandato da presidenta Dilma, estimulado pela
expansão do crédito e pela segurança do emprego, que iniciou a escalada da
inflação. Vivemos agora, em toda a sua plenitude, um processo oposto e que vai
levar à sua queda. Medo do desemprego, renda em queda e restrições fortíssimas
ao endividamento do consumidor são uma combinação perfeita para a redução da
demanda privada na economia. (...) Somada a esse efeito temos também a redução
dos investimentos e dos gastos do governo. Não há inflação que resista a esse
cenário e por isso vai começar a ceder em poucos meses”. (“O ajuste da economia
continua forte”, jornal Folha de São Paulo, disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/colunas/luizcarlosmendonca/2015/06/1648005-o-ajuste-da-
economia-continua-forte.shtml – acesso feito em 26-06-2015 às 18:39)
Diante disso, e de um possível, e tão aguardado, acordo do
Eurogrupo-FMI com a Grécia, espero que as taxas continuem a recuar nas próximas duas sessões - movimento este que pode ser interrompido apenas na quarta-feira. Neste dia teremos divulgação do indicador de empregos nos
EUA (Vagas de Trabalho no Setor Privado) que poderá pressionar as taxas caso apresente uma
melhora no mercado de trabalho norte-americano sugerindo uma alta nas taxas de juros lá fora e levando a um movimento de vendas nos ativos financeiros por aqui.
Mas
essa avaliação deixarei para meu próximo post,
fica por enquanto a expectativa de uma queda nas taxas na próxima sessão e também para o próximo semestre - conforme meu cenário base ilustrado acima.
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