Por Carlos Soares Rodrigues,
O mercado de juros futuros reage a votação da Medida
Provisória 672, que prorroga as atuais regras de reajuste do salário mínimo até
2019, piorando a já frágil confiança dos investidores em torno do cumprimento
da meta de superávit fiscal para este ano.
Como bem ilustrou o presidente da Camara dos Deputados, Eduardo
Cunha, publicado no site do jornal Folha de São Paulo:
"Essa medida de ontem passou dos limites.
Essa aprovação realmente causa um prejuízo ao país, foi feita de forma
equivocada. (...) É bom que se chame à consciência de que tudo tem um limite.
Ontem se chegou a um limite daquilo que não deve ser feito. (...)Não se trata de proteger aposentados.
Trata-se de dar uma correção salarial a todos os aposentados, com recursos
públicos, que nem os funcionários da ativa têm”. (disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/mercado/2015/06/1647587-camara-passa-do-limite-com-correcao-maior-da-aposentadoria-diz-cunha.shtml)
Segundo o economista Fabio Giambiagi, especialista em contas
públicas, o impacto da MP 672 sobre as contas públicas está estimado entre R$ 8
bilhões e R$ 9 bilhões por ano, podendo se agravar em 2019 – caso o país saia
da crise econômica que estamos enfrentando atualmente.
Outro fator que fez entornar ainda mais o caldo no dia de hoje,
contrariando minha avaliação de ontem, veio do Velho Continente: a falta de
acordo em torno do desbloqueio de recursos à Grécia. A proposta apresentada
pelo governo grego, contemplando um ajuste fiscal no valor de 7,9 bilhões de
euros até 2016, não foi aceita pelo FMI e BCE. Espera-se que mais uma reunião
ocorra no próximo sábado, dia 27, para tratar da ajuda a economia grega.
Diante destes fatores a alta dos juros futuros está fazendo com que os títulos
de Tesouro IPCA+ com Juros Semestrais 2050 (NTNB) sejam cotados, nesta quinta-feira,
a R$ 2.732,66 na compra (link
– acessado em 25-6-15 às 15:30) – queda de -0,93% em relação ao fechamento de
ontem.
Diante da queda na arrecadação (-2,5% de jan-mai/15 ante o mesmo
período de 2014) e da piora no mercado trabalho (6,7% em maio, a maior taxa para o mês desde 2010) a expectativa é de que tenhamos
uma piora no nível de atividade econômica. Os reflexos desta piora poderão ser sentidos, no médio prazo, no nível de preços - dada a queda na demanda - com impactos diretos
sobre as expectativas em torno das taxas de juros. Acredito que a MP 572 seja
vetada no Senado ou pela presidente Dilma Roussef. Em relação a Grécia,
acredito que até o dia 30, data limite para o pagamento dos 1,6 bilhão de euros
ao FMI, se chegue a um acordo entre o país, credores, autoridades europeias e
FMI.
Diante disso, vejo espaço para um recuo nas taxas no decorrer
dos próximos dias – quiçá já na próxima semana - trazendo um melhor desempenho aos títulos públicos.
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