terça-feira, 1 de setembro de 2015

TESOURO DIRETO: COMENTÁRIO MERCADO DE TESOURO IPCA + COM JUROS SEMESTRAIS 2050 (NTNB) – Set 01, 2015




Por Carlos Soares Rodrigues,

A Tempestade Perfeita que se formou nos céus da economia brasileira tem ganhado força nesta semana. A evidência de que o governo tem perdido o controle dos rumos econômicos do país, principalmente após o reconhecimento do déficit no Orçamento para 2016, anunciado neste domingo, tem se tornado cada vez mais forte e elevou grau de incerteza dos investidores. O resultado disso não poderia ser outro: piora no mercado financeiro, que se intensifica por qualquer rumor negativo no cenário internacional e doméstico, resultando na queda da Bolsa, alta do dólar e das taxas de juros futuras.

Objeto de um futuro post, a apresentação do Orçamento deficitário (em R$ 30,5 bilhões) para 2016 elevou o pessimismo (já comprometido) do humor dos investidores em relação a economia de nosso país. Este cenário das contas públicas significa duas possibilidades: aumento de impostos e perda do grau de investimentos – ambos péssimos para a retomada da atividade econômica. A queda no nível de atividade econômica faz com que as arrecadações com impostos se reduzam e cria um círculo vicioso negativo na normalização das contas do governo.

A piora do mercado no dia de hoje também decorreu da divulgação do PMI (Índice Gerentes de Compras) de manufaturas e serviços na China e pelo fato do ministro da Fazenda, Joaquim Levy, não ter respondido a uma pergunta “sobre se continuaria no governo” (Infomoney) - especulações potencializadas diante de expectativas já deterioradas.

Diante disso, os títulos de Tesouro IPCA + com Juros Semestrais 2050 (NTNB) encerraram cotados, a R$ 2.314,50  na compra (link – atualizado em: 01-09-2015 18:24), representando uma queda de -1,33% em relação ao PU da Anbima.

Para esta quarta-feira, segundo a agenda econômica da Enfoque (link), teremos a divulgação da Produção Industrial de Julho, pelo IBGE, do Livro Bege, pelo Fed, que dará uma idéia em relação aos próximos passos da política monetária norte-americana, e a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) pelo Banco Central do Brasil.

Na minha avaliação a Produção Industrial confirmará a deterioração econômica já sentida por todos nós, e o Livro Bege poderá reforçar as expectativas de uma alta nas taxas norte-americanas no próximo encontro. O comunicado do Copom, após a reunião, é que poderá dar alguma surpreendida no mercado caso sinalize para algum viés de alta nos próximos encontros. Portanto, vislumbro uma continuidade no movimento de alta nas taxas diante do cenário incerto e agenda carregada de indicadores nesta quarta-feira.

Acredito que o reequilíbrio das contas públicas somente ocorrerá através da melhora nos gastos do governo, cujas alternativas efetivas ainda não foram apresentadas (vide custeio de deputados e senadores, por exemplo), e crescimento da arrecadação via retomada do crescimento econômico. A única alternativa para a retomada da atividade brasileira que vejo, atualmente, é através do crescimento das exportações e investimentos em infraestrutura, contudo para isso deveríamos ter um ambiente regulatório e fiscal mais eficiente. Resta-nos aguardar, e torcer, para que o Executivo e o Legislativo tenham competência para destravar os gargalos que impedem o fluxo de investimentos tão necessários ao país (a título de exemplo vide matéria publicada hoje pelo jornal Folha de São Paulo: http://www1.folha.uol.com.br/mercado/2015/08/1675923-dificuldade-em-financiamento-pode-parar-obras-de-rodovias-federais.shtml)

Segue abaixo o retorno dos títulos fornecido pelo Tesouro Direto - também disponíveis no link (para melhor visualização clique sobre a imagem).


Nenhum comentário:

Postar um comentário