Por Carlos Soares Rodrigues,
A Tempestade Perfeita que se formou nos céus da economia
brasileira tem ganhado força nesta semana. A evidência de que o governo tem perdido o
controle dos rumos econômicos do país, principalmente após o reconhecimento do
déficit no Orçamento para 2016, anunciado neste domingo, tem se tornado cada vez mais forte e elevou grau de incerteza dos investidores. O resultado disso não poderia ser outro: piora no mercado financeiro, que se intensifica por qualquer rumor negativo no cenário internacional e doméstico, resultando na queda da Bolsa, alta do dólar e das taxas de juros futuras.
Objeto de um futuro post,
a apresentação do Orçamento deficitário (em R$ 30,5 bilhões) para 2016 elevou
o pessimismo (já comprometido) do humor dos investidores em relação a economia de nosso país. Este cenário das contas públicas significa duas
possibilidades: aumento de impostos e perda do grau de investimentos – ambos péssimos
para a retomada da atividade econômica. A queda no nível de atividade econômica
faz com que as arrecadações com impostos se reduzam e cria um círculo vicioso
negativo na normalização das contas do governo.
A piora do mercado no dia de hoje também decorreu da divulgação do PMI (Índice Gerentes de Compras) de manufaturas e serviços
na China e pelo fato do ministro da Fazenda, Joaquim Levy, não ter respondido a
uma pergunta “sobre se continuaria no governo” (Infomoney) - especulações potencializadas diante de expectativas já deterioradas.
Diante disso, os títulos de Tesouro IPCA + com Juros
Semestrais 2050 (NTNB) encerraram cotados, a R$ 2.314,50 na compra (link
– atualizado em: 01-09-2015 18:24), representando uma queda de -1,33% em
relação ao PU da Anbima.
Para esta quarta-feira, segundo a agenda econômica da
Enfoque (link),
teremos a divulgação da Produção Industrial de Julho, pelo IBGE, do Livro Bege,
pelo Fed, que dará uma idéia em relação aos próximos passos da política
monetária norte-americana, e a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) pelo
Banco Central do Brasil.
Na minha avaliação a Produção Industrial confirmará a
deterioração econômica já sentida por todos nós, e o Livro Bege poderá reforçar as
expectativas de uma alta nas taxas norte-americanas no próximo encontro. O comunicado do Copom, após a reunião, é que poderá dar alguma surpreendida no mercado caso
sinalize para algum viés de alta nos próximos encontros. Portanto, vislumbro uma continuidade
no movimento de alta nas taxas diante do cenário incerto e agenda carregada de
indicadores nesta quarta-feira.
Acredito que o reequilíbrio das contas públicas somente ocorrerá
através da melhora nos gastos do governo, cujas alternativas efetivas ainda não
foram apresentadas (vide custeio de deputados e senadores, por exemplo), e
crescimento da arrecadação via retomada do crescimento econômico. A única
alternativa para a retomada da atividade brasileira que vejo, atualmente, é através do
crescimento das exportações e investimentos em infraestrutura, contudo para
isso deveríamos ter um ambiente regulatório e fiscal mais eficiente. Resta-nos
aguardar, e torcer, para que o Executivo e o Legislativo tenham competência
para destravar os gargalos que impedem o fluxo de investimentos tão necessários
ao país (a título de exemplo vide matéria publicada hoje pelo jornal Folha de
São Paulo: http://www1.folha.uol.com.br/mercado/2015/08/1675923-dificuldade-em-financiamento-pode-parar-obras-de-rodovias-federais.shtml)
Segue abaixo o retorno dos títulos fornecido pelo Tesouro
Direto - também disponíveis no link
(para melhor visualização clique sobre a imagem).
Nenhum comentário:
Postar um comentário