Por Carlos Soares Rodrigues,
Nesta quarta-feira de Copom, o pessimismo deu continuidade ao
movimento de alta nas taxas de juros futuras, refletindo, ainda,
principalmente, a piora nas contas do governo para 2016.
A queda na Produção Industrial do Brasil no mês de julho
(-8,9% em relação a julho de 2014) confirmou minhas expectativas e não foi
suficiente para arrefecer o ímpeto de alta nos mercados futuros de taxas de
juros.
A divulgação do Livro Bege do Federal Reserve (Fed) não trouxe grandes novidades em relação a
economia norte-americana: melhora no mercado de trabalho e sem pressões inflacionárias
– portanto, também insuficiente para dar uma trégua nas expectativas dos
investidores por aqui.
Diante disso, os títulos de Tesouro IPCA + com Juros
Semestrais 2050 (NTNB) sinalizaram uma piora de cerca de -2,43 p.p. – conforme tabela
abaixo.
Devido às regras do Tesouro Direto: “nas quartas-feiras em que houver
reunião do Comitê de Política Monetária do Banco Central (COPOM), somente o
Tesouro Selic (LFT) estará disponível para recompra pelo Tesouro Nacional, das
18 horas às 5 horas do dia seguinte” (vide link) - por conta disso, não teremos a cotação das NTNBs.
Para esta quinta-feira, segundo a agenda econômica da
Enfoque (link),
teremos a divulgação dos Pedidos de Auxílio Desemprego nos EUA que, na minha
avaliação, continuará apontado para uma melhora no ritmo de crescimento da
maior economia do planeta.
Com relação ao humor do mercado, acredito que um possível
viés de alta no comunicado pós-Copom na noite de hoje poderá levar a mais um dia
de subida nas taxas de juros futuras.
Vislumbro que o nível de atividade econômica brasileira e,
consequentemente, a restauração das contas públicas possam sinalizar alguma recuperação,
ligeira, diga-se de passagem, em função da retomada da balança comercial que já
vem dando sinais de melhora. Ao meu ver, trata-se da única alternativa viável
para restaurar a demanda agregada, pois os gastos públicos e o consumo das
famílias ainda enfrentarão um penoso caminho de desalavancagem (redução do
endividamento) e a iniciativa privada, diante da queda do consumo interno, alta
dos impostos e impasses regulatórios (vide perda da credibilidade após as
sucessivas intervenções nos últimos anos e as propostas pouco atrativas e arriscadas
das concessões), não está propensa a investir, exceto se tiver como foco o
mercado externo. Do contrário, a necessidade de financiar o crescente
endividamento público continuará pressionando as taxas de juros brasileiras.
Segue abaixo o retorno dos títulos fornecido pelo Tesouro
Direto - também disponíveis no link
(para melhor visualização clique sobre a imagem).
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