terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Análise do IPCA - Novembro de 2010

Prezado leitor, muito boa tarde.

Agradeço pela visita ao meu blog, onde irei abordar a evolução do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), - cujos resultados são adotados oficialmente pelo Banco Central (Bacen) para o cumprimento da meta de inflação do país. Meus cumprimentos a todos os professores de economia da PUC-SP responsáveis pela minha formação acadêmica.
Desejo a todos uma boa leitura.

A alta nos preços ocorrida a partir do mês de setembro tem causado preocupações quanto ao cumprimento da meta estabelecida, de 4,5% ao ano, pelo Banco Central brasileiro. Esta alta poderá forçar a autoridade monetária elevar a taxa básica de juros, Selic, já no início do mandato da presidente eleita.
Mas por que a elevação nas taxas de juros poderá conter a alta dos preços no país?

Segundo a teoria econômica a elevação nas taxas de juros tende a tornar o crédito para os investimentos mais caros, inibindo novas contratações por parte das empresas e levando o consumidor reduzir seus gastos diante do temor da perda de emprego.

De acordo com o gráfico abaixo podemos verificar que a partir de setembro os preços voltaram a se distanciar da meta de inflação estabelecida pela autoridade monetária (Bacen), aumentando as especulações em torno da elevação das taxas de juros já no início do próximo ano com o objetivo de conter essa alta.




Contudo, vale ressaltar que a alta do IPCA está diretamente relacionada com a elevação dos preços do grupo Alimentação, - conforme demonstrado no gráfico abaixo. Esse aumento se deve, principalmente, pela alta dos preços das commodities no mercado internacional cujas cotações foram turbinadas pelo pacote de US$ 600 bilhões anunciado pelo governo norte americano.



Uma vez que a demanda por alimentos é inelástica, ou seja, “depende, em grande parte, de quantos substitutos esse bem tiver” (Varian, 1994, pág. 296), o aumento nas taxas de juros poderão impactar na demanda dos demais produtos como: vestuário, artigos de residência, despesas pessoais, etc. Estes bens, conforme observado no gráfico acima, têm causado pouco impacto na alta dos preços ao longo do ano.

Ressalto que elevações nas taxas de juros tendem a conter a alta nos preços desde que o aumento da inflação se dê por fatores internos como, por exemplo, superaquecimento do consumo e baixa capacidade da indústria atender a demanda. Entretanto estamos enfrentando um período em que a pressão inflacionária se deve, principalmente, pelo aumento nos preços dos alimentos decorrentes de fatores externos e cuja demanda é inelástica, ou seja, sua procura não depende de alterações dos preços e do nível de renda da população.

Agradeço a todos pela atenção, parabenizo a todos meus professores que, de certa forma, foram responsáveis por todo meu conhecimento adquirido ao longo destes anos, desejo a todos um excelente fim de ano e até a próxima.

Referência Bibliográfica

CARVALHO, Fernando J. Cardim de [et al.] Economia monetária e financeira: teoria e prática. Rio de Janeiro: Elsevier, 2000 – 9ª reimpressão.

IBGE

PINDYCK, Robert S., RUBINFELD, Daniel L. Microeconomia. Quinta Edição. – tradução e revisão técnica: Professor Euletério Prado. São Paulo: Prentice Hall, 2002. ISBN: 85.87918-11-7.

VARIAN, Hal R. Microeconomia: princípios básicos. Tradução da 2ª edição original de Luciane Melo. – Rio de Janeiro: Campus, 1994.

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Crise à Grega

Prezado leitor,

Agradeço pelo acesso ao texto “Crise à Grega” e estendo meus cumprimentos a todos aqueles que colaboraram com as informações acerca da economia grega na internet. Parabenizo o economista Luiz Gonzaga de Mello Belluzzo pelo excelente texto “A Crise Financeira Além da Finança” publicado na Revista Tempo do Mundo edição do mês de abril de 2010. Agradeço também ao site do jornal O Globo pela publicação da notícia “Entenda a crise na Grécia” no dia 06/05/2010. Meus cumprimentos a todos os professores da Pontifícia Universidade Católica, responsáveis por toda minha formação acadêmica e, por fim, desejo-lhe uma boa e agradável leitura.

Segundo Keynes:

“o sistema bancário está sempre apto, em circunstâncias normais, a comprar (ou vender) títulos e obrigações em troca de moeda, oferecendo por eles um preço de mercado modestamente maior (ou menor); e quanto maior for a quantidade de recursos líquidos que os bancos desejam criar (ou cancelar) pela compra (ou venda) de títulos e dívidas, maior deverá ser a baixa (ou alta) na taxa de juros.” (Keynes, 1982, pág. 158)

Mas o que isso tem a ver com a crise enfrentada pelos países pejorativamente apelidados por PIIGS (acrônimo de Portugal, Irlanda, Itália, Grécia e Spain)?

Eis uma questão cuja resposta você, prezado leitor, obterá ao final deste breve artigo.

Uma crise a grega

Após anos enfrentando sucessivos déficits orçamentários, que nada mais é do que a diferença entre o que um país gasta e o que foi arrecadado, o governo grego, a exemplo de outros países da união européia, atingiu no ano de 2009 a surpreendente taxa de 13,6% de toda sua riqueza, - também chamada pelos economistas como PIB (Produto Interno Bruto).

Para cobrir o rombo em suas contas o governo grego vinha recorrendo a empréstimos via emissão de títulos públicos, que até a eclosão da dívida nos Estados Unidos vinham sendo realizados a taxas atrativas no mercado financeiro mundial.

Contudo com o estouro da crise em setembro de 2008 o crédito mundial secou com o temor de novas perdas após a quebra do Lemman Brothers. Deste modo o governo grego, conforme preconizado por Keynes, se viu diante de um cenário em que os bancos não estavam dispostos a conceder novos créditos através da compra de títulos forçando o aumento das taxas de juros pelos papéis da dívida soberana grega.

Com os juros exorbitantes exigidos pelos investidores internacionais, a Grécia teve que recorrer a ajuda dos demais países da zona do euro e do Fundo Monetário Internacional (FMI) em troca da promessa de realizar uma ampla reforma fiscal e orçamentária.

Com isso ressalto que, em virtude do descontrole nos gastos públicos e com os exorbitantes reajustes nos salários do funcionalismo público, o crescente e irresponsável endividamento público da Grécia, somado ao aumento da aversão ao risco dos investidores após o estouro da crise mundial, foram o estopim para a eclosão da crise grega.

Parabenizo a todos que de alguma forma contribuem com a discussão acadêmica em todos os meios de comunicação, agradeço a você leitor pela atenção e desejo-lhe muito sucesso em sua vida.

Cordialmente,
Econocratum

Referência bibliográfica

BELLUZZO, Luiz Gonzaga de Mello. A Crise Financeira Além da Finança. Revista tempo do mundo / Instituto de Pesquisa Econômica
Aplicada. – v. 1, n. 1, (dez. 2009). – Brasília : Ipea, 2009.

JORNAL O GLOBO. Entenda a Crise na Grécia. Publicada em 06/05/2010 às 17h55m

KEYNES, John Maynard. A teoria geral do emprego, do juro e da moeda. Tradução de Mário R. da Cruz; revisão técnica de Claudio Roberto Contador. – São Paulo: Atlas, 1982.

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

O Surgimento da China Como Potência

Introdução
O presente trabalho tratará da questão do desenvolvimento chinês a partir de meados dos anos 70. Trata-se de um trabalho elaborado por meio de trechos de textos extraídos da Internet cujas referências constam na parte final do mesmo. Vale destacar que o desenvolvimento chinês se consolida após o reatamento das relações diplomáticas com os EUA em 1979 e posteriormente com o período marcado pela “endaka” - expressão japonesa para o período marcado pela valorização extraordinária do iene (especialmente entre 1985- 95) frente ao dólar - que direcionou os investimentos japoneses para o sudeste asiático. No início dos anos 90 o país passa a adotar uma ousada estratégia de liberalização em sua economia nunca antes vista e ao mesmo tempo mantém uma política cambial favorável às suas exportações. Nota-se neste período um aumento vertiginoso em suas reservas cambiais e em sua participação no comércio mundial. O país se torna então o maior credor do tesouro norte-americano o que lhe propicia um maior poder de barganha nas negociações bilaterais com os EUA.

Cenário econômico chinês
A crise estrutural vivida pelo sistema capitalista nos últimos 35 anos se deveu ao esgotamento do modelo keynesiano. Segundo RIBEIRO (1986) a crise dos anos 70 é explicada pelos liberais como sendo uma crise provocada pela expansão monetária por parte do Estado. Além disso, observa-se o fim do sistema de Bretton Woods. Kilsztajn (1989) aponta que em 1979 Wolcker decreta a “nova supremacia do dólar” e, no início dos anos 80, os Estados Unidos passaram a enfrentar a sua maior crise econômica no pós-guerra. Para Medeiros em 1979 observa-se também um reatamento das relações diplomáticas entre os EUA e a China, neste reatamento os EUA abre seu mercado para as exportações chinesas. Nesse contexto a China aproveitou o acordo para conter a ameaça soviética e para modernizar a economia. A partir disso a China passou a adotar um agressivo programa de exportações e de proteção do mercado interno. A estratégia chinesa consistiu estimular o investimento direto estrangeiro em associação às exportações das zonas econômicas especiais de modo a absorver e controlar o ingresso de capitais nas atividades exportadoras que viabilizasse a importação de máquinas e equipamentos necessários para a modernização de sue porque industrial. Ainda segundo o mesmo autor a expansão dada produtividade agrícola e dos investimentos em bens de consumo ocorrida no início dos anos 80 foi um fato decisivo para a aceleração da taxa de crescimento ao longo da década. À medida que a produtividade agrícola aumentava, a economia se abria e se modernizava. Em 1980, a China teve dos EUA o título de nação mais favorecida e foi classificada como nação em desenvolvimento. Esse acordo resultou na redução das tarifas americanas sobre os têxteis e vestuário chineses pela metade, vale dizer que já em 1979 o país já era o maior exportador “não regulado” de têxteis para os EUA. A expansão das exportações e o acesso ao crédito permitiam ao governo chinês implementar um programa maciço de importações de máquinas e equipamentos, essenciais à modernização da indústria pesada sem comprometer a expansão da indústria leve e a agricultura. A partir de 1986, as moedas dos países menos desenvolvidos da Ásia, incluindo, o yuan chinês, mantiveram-se depreciadas frente ao dólar e fortemente depreciadas frente ao iene. A reorganização da economia regional asiática a partir do deslocamento do capital produtivo japonês acelerou intensamente o investimento direto e o comércio regional. Com a valorização e com as pressões americanas reduziram os ganhos de comercialização decorrentes da exportação de manufaturados baratos para os paises ocidentais e para os EUA. Face ao crescimento dos custos de produção - especialmente do valor dos imóveis e terras urbanas -, os custos muito mais baixos e o câmbio desvalorizado na China exerciam amplo estímulo para o descolamento de capitais de Hong Kong, formosa e Japão - além da Coréia do Sul em menor grau – atraídos por taxas de lucros mais elevadas nas zonas econômicas especiais. A partir de 1989, as relações com os EUA começam a mudar. Fazendo uso de seu direito de voto no Banco Mundial e no banco de Desenvolvimento Asiático os EUA bloqueiam os pedidos de empréstimos chineses sob o pretexto de desrespeito aos direitos humanos. Em 1995, o Japão suspendeu a concessão de auxílio à China.
No entanto, a partir de 1992 o país passou a adotar uma ousada liberalização comercial e financeira e suas taxas de crescimento foram catapultadas para níveis não vistos entre as economias capitalistas nas últimas duas décadas. Esse crescimento se deve ao aumento dos investimentos diretos e estrangeiros (IDE) no país. Neste ano o governo chinês decidiu liberalizar significamente o seu regime de IDE.
Segundo Jabbour (2004) as liberalizações do acesso a investimentos externos vieram anteriores à liberalização das importações. Ainda segundo o mesmo autor gradualismo chinês é demonstrado com a lenta queda dos regimes tarifários, de preços e de câmbio nos anos 90.
Com isso observar-se um gradativo aumento na participação do país no comércio mundial.
Em meio ao boom das exportações e dos ingressos de IDE e com a manutenção do yuan desvalorizado o banco central chinês passou a adotar uma política de formatação de reservas. Neste contexto observamos o aumento das pressões bilaterais dos EUA e secundariamente do Japão e da UE contra o seu regime cambial e seus mecanismos de controle de capital.
Segundo (Medeiros – 2006) o controle dos fluxos de capitais externos e a magnitude de suas reservas permitiam o país responder à contratação do ritmo de crescimento de suas exportações decorrentes da crise asiática com um elevado esforço de gastos públicos voltados à construção civil e infra-estrutura.
Com a expansão da renda urbana e da renda rural a demanda por residências e bens de consumo vem impulsionando o mercado chinês.
O crescimento das exportações chinesas se deu num contexto de forte expansão conjunta dos países asiáticos cuja quota nas exportações mundiais de manufatura expandiu-se na última década.
Ainda segundo Medeiros (2006) a afirmação de China como um “duplo pólo” na economia mundial – principal e grande mercado para a produção mundial de máquinas e equipamentos, indústrias, indústrias de tecnologia e de matérias-primas – tem gerado importante impacto sobre a região asiática. Esse “duplo pólo” se deve ao deslocamento das exportações de diversos produtores asiáticos destas manufaturas para os produtos chineses e como também se deve ao fato da China vir absorvendo um amplo fluxo de exportações destes países em especial de produtos insumos, partes e componentes e bens de capital.
Estes movimentos de com amplos impactos nos fluxos de comércio e investimento estão associados à decisão das grandes corporações de consolidar na China a base manufatureira mundial de bens eletrônicos de consumo.

Referência Bibliográfica:
JABBOUR, Elias Marco Khalil. Infra-estrutura em energia e transportes e crescimento econômico na China. Dissertação de mestrado. São Paulo: USP, 2004.

KILSZTAJN, Samuel. O Acordo de Bretton Woods e a evidência histórica (o sistema financeiro internacional no pós-guerra). Revista de Economia Política, vol. 9, n°4, out-dez/1989.

MEDEIROS, Carlos Aguiar de. Economia e política do desenvolvimento recente na China. Revista de Economia Política, vol. 19, n° 3 (75), jul-set/1999.

_____________________. A China como um duplo pólo na economia mundial e a recentralização da economia asiática (Versão preliminar). Rio de Janeiro: UFRJ, 2006. Disponível em: http://www.ie.ufrj.br/download/index.php. Acesso feito em 13/05/2006.

NETO, Aristide Monteiro. Dilema do desenvolvimento na China: crescimento acelerado e disparidades regionais (da Revolução Comunista à Globalização). IPEA, texto para discussão n° 1126, out/2005.

RIBEIRO, Nelson; MENDONÇA, Antonio. A crise econômica atual: um ensaio de interpretação marxista. Revista de Economia Política, vol. 6, n° 4, out-dez/1986.