IntroduçãoO presente trabalho tratará da questão do desenvolvimento chinês a partir de meados dos anos 70. Trata-se de um trabalho elaborado por meio de trechos de textos extraídos da Internet cujas referências constam na parte final do mesmo. Vale destacar que o desenvolvimento chinês se consolida após o reatamento das relações diplomáticas com os EUA em 1979 e posteriormente com o período marcado pela “endaka” - expressão japonesa para o período marcado pela valorização extraordinária do iene (especialmente entre 1985- 95) frente ao dólar - que direcionou os investimentos japoneses para o sudeste asiático. No início dos anos 90 o país passa a adotar uma ousada estratégia de liberalização em sua economia nunca antes vista e ao mesmo tempo mantém uma política cambial favorável às suas exportações. Nota-se neste período um aumento vertiginoso em suas reservas cambiais e em sua participação no comércio mundial. O país se torna então o maior credor do tesouro norte-americano o que lhe propicia um maior poder de barganha nas negociações bilaterais com os EUA.
Cenário econômico chinêsA crise estrutural vivida pelo sistema capitalista nos últimos 35 anos se deveu ao esgotamento do modelo keynesiano. Segundo RIBEIRO (1986) a crise dos anos 70 é explicada pelos liberais como sendo uma crise provocada pela expansão monetária por parte do Estado. Além disso, observa-se o fim do sistema de Bretton Woods. Kilsztajn (1989) aponta que em 1979 Wolcker decreta a “nova supremacia do dólar” e, no início dos anos 80, os Estados Unidos passaram a enfrentar a sua maior crise econômica no pós-guerra. Para Medeiros em 1979 observa-se também um reatamento das relações diplomáticas entre os EUA e a China, neste reatamento os EUA abre seu mercado para as exportações chinesas. Nesse contexto a China aproveitou o acordo para conter a ameaça soviética e para modernizar a economia. A partir disso a China passou a adotar um agressivo programa de exportações e de proteção do mercado interno. A estratégia chinesa consistiu estimular o investimento direto estrangeiro em associação às exportações das zonas econômicas especiais de modo a absorver e controlar o ingresso de capitais nas atividades exportadoras que viabilizasse a importação de máquinas e equipamentos necessários para a modernização de sue porque industrial. Ainda segundo o mesmo autor a expansão dada produtividade agrícola e dos investimentos em bens de consumo ocorrida no início dos anos 80 foi um fato decisivo para a aceleração da taxa de crescimento ao longo da década. À medida que a produtividade agrícola aumentava, a economia se abria e se modernizava. Em 1980, a China teve dos EUA o título de nação mais favorecida e foi classificada como nação em desenvolvimento. Esse acordo resultou na redução das tarifas americanas sobre os têxteis e vestuário chineses pela metade, vale dizer que já em 1979 o país já era o maior exportador “não regulado” de têxteis para os EUA. A expansão das exportações e o acesso ao crédito permitiam ao governo chinês implementar um programa maciço de importações de máquinas e equipamentos, essenciais à modernização da indústria pesada sem comprometer a expansão da indústria leve e a agricultura. A partir de 1986, as moedas dos países menos desenvolvidos da Ásia, incluindo, o yuan chinês, mantiveram-se depreciadas frente ao dólar e fortemente depreciadas frente ao iene. A reorganização da economia regional asiática a partir do deslocamento do capital produtivo japonês acelerou intensamente o investimento direto e o comércio regional. Com a valorização e com as pressões americanas reduziram os ganhos de comercialização decorrentes da exportação de manufaturados baratos para os paises ocidentais e para os EUA. Face ao crescimento dos custos de produção - especialmente do valor dos imóveis e terras urbanas -, os custos muito mais baixos e o câmbio desvalorizado na China exerciam amplo estímulo para o descolamento de capitais de Hong Kong, formosa e Japão - além da Coréia do Sul em menor grau – atraídos por taxas de lucros mais elevadas nas zonas econômicas especiais. A partir de 1989, as relações com os EUA começam a mudar. Fazendo uso de seu direito de voto no Banco Mundial e no banco de Desenvolvimento Asiático os EUA bloqueiam os pedidos de empréstimos chineses sob o pretexto de desrespeito aos direitos humanos. Em 1995, o Japão suspendeu a concessão de auxílio à China.
No entanto, a partir de 1992 o país passou a adotar uma ousada liberalização comercial e financeira e suas taxas de crescimento foram catapultadas para níveis não vistos entre as economias capitalistas nas últimas duas décadas. Esse crescimento se deve ao aumento dos investimentos diretos e estrangeiros (IDE) no país. Neste ano o governo chinês decidiu liberalizar significamente o seu regime de IDE.
Segundo Jabbour (2004) as liberalizações do acesso a investimentos externos vieram anteriores à liberalização das importações. Ainda segundo o mesmo autor gradualismo chinês é demonstrado com a lenta queda dos regimes tarifários, de preços e de câmbio nos anos 90.
Com isso observar-se um gradativo aumento na participação do país no comércio mundial.
Em meio ao boom das exportações e dos ingressos de IDE e com a manutenção do yuan desvalorizado o banco central chinês passou a adotar uma política de formatação de reservas. Neste contexto observamos o aumento das pressões bilaterais dos EUA e secundariamente do Japão e da UE contra o seu regime cambial e seus mecanismos de controle de capital.
Segundo (Medeiros – 2006) o controle dos fluxos de capitais externos e a magnitude de suas reservas permitiam o país responder à contratação do ritmo de crescimento de suas exportações decorrentes da crise asiática com um elevado esforço de gastos públicos voltados à construção civil e infra-estrutura.
Com a expansão da renda urbana e da renda rural a demanda por residências e bens de consumo vem impulsionando o mercado chinês.
O crescimento das exportações chinesas se deu num contexto de forte expansão conjunta dos países asiáticos cuja quota nas exportações mundiais de manufatura expandiu-se na última década.
Ainda segundo Medeiros (2006) a afirmação de China como um “duplo pólo” na economia mundial – principal e grande mercado para a produção mundial de máquinas e equipamentos, indústrias, indústrias de tecnologia e de matérias-primas – tem gerado importante impacto sobre a região asiática. Esse “duplo pólo” se deve ao deslocamento das exportações de diversos produtores asiáticos destas manufaturas para os produtos chineses e como também se deve ao fato da China vir absorvendo um amplo fluxo de exportações destes países em especial de produtos insumos, partes e componentes e bens de capital.
Estes movimentos de com amplos impactos nos fluxos de comércio e investimento estão associados à decisão das grandes corporações de consolidar na China a base manufatureira mundial de bens eletrônicos de consumo.
Referência Bibliográfica:JABBOUR, Elias Marco Khalil.
Infra-estrutura em energia e transportes e crescimento econômico na China. Dissertação de mestrado. São Paulo: USP, 2004.
KILSZTAJN, Samuel.
O Acordo de Bretton Woods e a evidência histórica (o sistema financeiro internacional no pós-guerra). Revista de Economia Política, vol. 9, n°4, out-dez/1989.
MEDEIROS, Carlos Aguiar de.
Economia e política do desenvolvimento recente na China. Revista de Economia Política, vol. 19, n° 3 (75), jul-set/1999.
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A China como um duplo pólo na economia mundial e a recentralização da economia asiática (Versão preliminar). Rio de Janeiro: UFRJ, 2006. Disponível em: http://www.ie.ufrj.br/download/index.php. Acesso feito em 13/05/2006.
NETO, Aristide Monteiro.
Dilema do desenvolvimento na China: crescimento acelerado e disparidades regionais (da Revolução Comunista à Globalização). IPEA, texto para discussão n° 1126, out/2005.
RIBEIRO, Nelson; MENDONÇA, Antonio.
A crise econômica atual: um ensaio de interpretação marxista. Revista de Economia Política, vol. 6, n° 4, out-dez/1986.