Por Carlos Soares Rodrigues,
Apesar do veto da presidente Dilma Roussef ao fim do fator
previdenciário para o calculo das aposentadorias que possibilitou um dia de certa
euforia no mercado acionário local na sessão de hoje, as taxas futuras
registraram um dia de alta seguindo as preocupações com o imbróglio grego.
O recuo nas taxas levou a uma alta nas cotações do Tesouro IPCA+
com Juros Semestrais 2050 (NTNB) que encerraram cotadas a R$ 2.746,95 na compra
(link
– acessado em 18-6-15 às 19:56) – alta de +0,19% em relação ao fechamento de
ontem.
Como bem ilustrou o colunista da Revista Veja, Reinaldo
Azevedo, em texto publicado em seu blog nesta quinta-feira: “pela fórmula 85/95, uma mulher que começasse a trabalhar
aos 17 anos poderia se aposentar aos 51: somando-se os 34 anos de contribuição
mais os 51 de idade, chegar-se-ia aos 85 — no regime do fator previdenciário,
ela só seria aposentada aos 60. Um homem que iniciasse também aos 17 iria obter
a aposentadoria aos 56: teria contribuído por 39 anos. Somados aos 56, chega-se
a 95. No modelo atual, só obteria o benefício aos 65”.
Sindicatos são contra o veto presidencial alegando “injustiça social”, mas o que
dizer dos descontos arbitrários em folha impostos para os trabalhadores na
forma de contribuição sindical - conforme previsto atualmente nos artigos 578 a
610 da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT)?
Considerando um trabalhador que ganha 01 salário mínimo (R$
788,00), corrigido anualmente pela inflação de 4,5% (meta oficial do governo), que
tem descontado anualmente de 3,33% de um salário mensal teríamos ao final de 35
anos, aplicados em Tesouro Prefixado com Juros Semestrais 2025 (NTNF) a uma
taxa anual de 12,57% ao ano, um montante
acumulado de aproximadamente R$ 20 mil reais que seria suficiente para adquirir um carro ou
bancar metade da faculdade de um filho, mas que acaba sendo usado para
financiar badernas nas ruas, promover greves que tanto nos causam transtornos
no nosso dia-a-dia e apoiar medidas inconsequentes como a proposta para o
pagamento de aposentadoria integral vetada pela presidente.
Conforme editorial do jornal Folha de São Paulo publicado
ontem, 17 de junho, “estima-se que, em 2030, haverá no país 5,1 trabalhadores
ativos para cada idoso, proporção que era de 11,5 no ano 2000 e cairá para 2,3
em 2060. Calcula-se que seriam necessários gastos adicionais de R$ 3,2 trilhões
para fechar a conta”. Esse impacto nas contas públicas, e no bem estar social
da população brasileira, não é levado em consideração pela sábia categoria
sindical cujas consequências certamente levariam o país ao caos vivenciado hoje
pela Grécia, por exemplo.
Por falar em Grécia: o país helênico tem até o dia 30 de
junho para pagar 1,6 bilhão de euros para o Fundo Monetário Internacional – do contrário
a partir de 1 de julho será declarada em default
(inadimplente) perante o órgão o que poderá acarretar a saída do país do bloco
europeu. Para evitar o calote, a Grécia espera a liberação da parcela final de
7,2 bilhões de euros do pacote de ajuda internacional obtido junto à União
Européia e ao próprio FMI (sic). Entretanto o governo grego reluta em
implementar importantes reformas fiscais e previdenciárias para garantir a
sustentabilidade de suas finanças. Os líderes da zona do euro decidiram
convocar uma reunião de emergência para a próxima segunda-feira para decidir
sobre a liberação dos recursos ao país.
Além do imbróglio grego teremos para amanhã a divulgação do
IPCA-15 cujo resultado, pressionado por reajustes nas tarifas de energia e
saneamento, bem como decorrente do aumento nos jogos de azar, poderão pressionar
as taxas para cima no dia de amanhã.
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