Por Carlos Soares Rodrigues,
A melhora no humor no exterior possibilitou mais um dia de
queda no mercado futuro de juros mesmo com a piora nas expectativas do mercado,
segundo levantamento semanal do Banco Central, em relação a inflação para 2015
e nos dias que precedem a divulgação do Relatório Trimestral de Inflação (RTI) que
poderá trazer um tom mais hawkish (sinalizando
maior aperto monetário) em sua avaliação do cenário de preços no país.
Uma nova proposta enviada pela Grécia aos seus credores de
aumento de tributos e mudança nas regras de aposentadorias trouxe um alento no
humor dos investidores na sessão de hoje. Apesar de ainda não encerrado, o
encontro dos líderes do Eurogrupo discutem o desbloqueio da parcela de €
7,2 bilhões, a última do pacote de € 240 bilhões recebidos como resgate pelo FMI
e pelo Banco Central Europeu, para honrar o pagamento de € 1,6 bilhões de euros junto
ao FMI até o dia 30 de junho. Sem este pagamento, o país será declarado
inadimplente, com consequências trágicas para sua economia e até exclusão do
bloco europeu. Para se ter uma ideia, vale mencionar um trecho editorial
publicado pelo jornal Folha de São Paulo que ilustra bem a gravidade da
situação grega:
“A
consequência será a suspensão do acesso dos bancos gregos a empréstimos do BCE,
com o que tais instituições não conseguirão honrar os saques de seus clientes.
O governo se veria então obrigado a impor limites e até a proibir a saída de
capitais do país. (...) O que vem depois é uma incógnita. Em tese, o corte do
acesso ao BCE e os controles de capitais aprofundarão a recessão e o deficit do
governo, que não conseguirá mais quitar salários e pensões em euros. O passo
seguinte seria o pagamento em outros tipos de papéis desvalorizados, que
circulariam no lugar dos euros” (Tragédia Grega, Jornal Folha de São Paulo,
disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/fsp/opiniao/223560-tragedia-grega.shtml).
Além disso, a saída da Grécia traria o risco de contágio para
outros países como Espanha, Irlanda e Itália. Cenário adverso teria como
resultado a saída de dólares do Brasil, leia-se forte alta do dólar, com
impacto na inflação e sendo precificado nas taxas de juros (alta).
Ventos mais amenos vindos do Velho Continente com queda nos juros futuros por aqui levaram os títulos de Tesouro IPCA+ com Juros
Semestrais 2050 (NTNB) encerrarem nesta segunda-feira cotados a R$ 2.763,44 na
compra (link
– acessado em 22-6-15 às 18:54) – alta de +0,29% em relação ao PU de referencia
desta sexta-feira, 19 de junho, divulgado pela Anbima.
Acredito que o mercado possa apresentar mais um dia de
ganhos na sessão desta terça-feira caso o Eurogrupo decida liberar a ajuda à
Grécia; entretanto, acredito que a divulgação do Relatório Trimestral de
Inflação, nesta quarta-feira, reverterá esse movimento de baixa das taxas por conta da forte piora
do cenário inflacionário enfrentado pelo nosso país. Na minha avaliação os
juros futuros seguirão um possível tom mais agressivo no teor do RTI por parte
da autoridade monetária brasileira.
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