O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de julho sofreu uma pequena aceleração em relação ao mês de junho e registrou uma alta de 0,16% - ante 0,15% do mês anterior. A aceleração também foi notável ao comparar o resultado com mesmo período de 2010 (0,01%). No acumulado em 12 meses a alta já chega a 6,87% - 0,37 p.p. acima do teto máximo estabelecido como meta pelo Banco Central que é de 6,50%.
Destaques de alta
Os destaques de alta do IPCA no mês de junho foram os itens transportes, despesas, saúde e cuidados pessoais.
Ao contrário do mês de junho o item transportes voltou a ser o grande vilão da alta no mês ao impactar em 0,09 p.p. sobre o IPCA de julho. Sua alta se deve a elevação dos preços dos combustíveis que passaram de uma queda de 4,25% no mês de junho para uma alta de 0,47% em julho. Contribuíram para a alta dos combustíveis o etanol que passou de uma forte queda de 8,84% no mês de junho para uma significativa alta de 4,01% em julho, e o litro da gasolina que registrou uma alta de 0,15% em julho - contra uma queda de 3,94% no mês anterior.
Segundo o IBGE:
“O grupo teve, ainda, a contribuição do aumento das tarifas dos ônibus interestaduais (de 0,55% em junho para 5,80% em julho) tendo em vista o reajuste médio de 5,00% vigente a partir do dia primeiro de julho. Houve influência, também, de aumentos nos itens conserto de automóveis (de 0,95% para 1,52%), pedágio (de 0,00% para 4,62%), além das passagens aéreas (de 12,83% para 3,20%), que, mesmo com desaceleração, permaneceram em alta”.
Despesas, Saúde e Cuidados Pessoais sofreram o impacto do aumento no pagamento dos salários dos empregados domésticos que sofreu a variação 1,26% no mês de julho e impactou em 0,05 p.p. sobre o IPCA – sendo o item que provocou o maior impacto individual no índice do mês.
Perderam intensidade de alta no grupo os serviços de cabeleireiro (de 1,09% em junho para -1,10% em julho) e os serviços bancários (de 4,40% para 0,03%).
Destaques de baixa
Já os destaques de baixa ficaram com os itens alimentação e bebidas, comunicação e artigos de residência.
O tomate (-15,32%) e as carnes (-1,12%) foram os itens que mais pressionaram para a queda do item alimentação no mês de julho (-0,34%).
Comunicação e artigos de residência não sofreram variação em relação ao mês de junho.
Conclusão
Com o agravamento da crise fiscal nos EUA e Europa os preços das commodities intensificaram o movimento de queda e isso poderá levar a uma desaceleração nos preços aqui no país.
A crise lá fora poderá também impactar na nossa economia através do esgotamento no crédito para nossas empresas o que poderá gerar um cenário recessivo – com aumento no desemprego e queda no consumo - no país e contribuir ainda mais para a queda da inflação nos próximos meses.
Portanto, ao contrário do cenário econômico, as perspectivas para os preços nos próximos meses são favoráveis.
Resta-nos agora torcer para que o governo brasileiro consiga agir a tempo para combater os efeitos dessa crise que, com certeza, afetará nosso país.
Fontes de referência
ABITT. Site: http://www.abit.org.br/site/navegacao.asp?id_menu=21&IDIOMA=PT
BANCO CENTRAL DO BRASIL. Focus – Relatório de Mercado.
Disponível em: http://www4.bcb.gov.br/pec/GCI/PORT/readout/readout.asp
BLANCHARD, Olivier. Macroeconomia. São Paulo: Pearson Education, 2004, 3ª edição.
CARVALHO, Fernando J. Cardim de; [et al.] Economia monetária e financeira: teoria e prática. Rio de Janeiro: Elsevier, 2000 – 9ª reimpressão.
CONAB.
DORNBUSCH, Rudiger, FISCHER, Stanley. Macroeconomia. São Paulo: Makron, McGraw-Hill, 1991.
IBGE. Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo - IPCA e Índice Nacional de Preços ao Consumidor – INPC. Disponível em: http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/indicadores/precos/inpc_ipca/defaultinpc.shtm
KEYNES, John Maynard. A teoria geral do emprego, do juro e da moeda. Tradução de Mário R. da Cruz; revisão técnica de Claudio Roberto Contador. – São Paulo: Atlas, 1982.
MANKIW, Gregory. Macroeconomia. 5ª edição. Rio de Janeiro: LTC, 2004.
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sábado, 6 de agosto de 2011
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