Por Carlos Soares Rodrigues,
O pessimismo continuou tomando conta dos mercados na sessão
desta quarta-feira tendo, desta vez, o acréscimo da China no radar dos
investidores. Em um dia também marcado pela paralização de 3 horas nas
negociações da bolsa de Nova Iorque (NYSE), por problemas técnicos, divulgação
da ata do Fomc, do IPCA de junho e, claro, como não poderíamos nos esquecer,
continuidade nas negociações em torno das dívidas gregas, as taxas de juros
encerraram as negociações em alta no dia de hoje.
Temores em relação ao enfraquecimento econômico chinês têm
levado a forte uma baixa das bolsas do gigante asiático. Conforme noticiado pelo Valor
Econômico, o índice Shangai Composite acumula uma queda de 32,1% desde o pico
atingido no mês passado. Esse aparente colapso do mercado acionário chinês
reforça o cenário pessimista por parte dos investidores, respingando aqui no nosso mercado.
Também foi noticiado que a ata do Fomc não trouxe grandes
novidades e, no Velho Continente, o governo grego terá até amanhã para
apresentar uma nova proposta para que o pedido de ajuda seja avaliado pelos
líderes europeus (que, por sinal, irão se reunir neste domingo).
Em linha com minhas estimativas (vide post de ontem), o IPCA apresentou alta de 0,79% no mês de junho em
relação a maio. O resultado veio em dobro ao apresentado no mesmo período do
ano anterior e, no acumulado em 12 meses, a alta já atinge 8,89% - ainda mais
distante do teto superior da meta do Banco Central (6,5%).
Na minha avaliação, os grandes vilões para a forte alta dos
preços no último levantamento foram os grupos de “Alimentação e Bebidas” (alta
dos itens do subgrupo “Tubérculos, raízes e legumes”), “Transportes” (combustíveis) e “Habitação” (tarifa de água e
esgoto). Embora a alta dos jogos de azar tenha sido creditada na piora da inflação
do IPCA, o grupo Despesas Pessoais apresentou, praticamente, o mesmo
comportamento verificado no ano passado (0,17 p.p. de contribuição do IPCA
cheio). A forte alta apresentada pelo reajuste dos jogos de azar foi compensada
pela queda dos preços de hotéis, inflados no ano passado em função da Copa do
Mundo (vide gráfico).
Diante da alta dos juros futuros mais longos, os títulos de Tesouro
IPCA+ com Juros Semestrais 2050 (NTNB) encerraram cotados, nesta quarta-feira,
a R$ 2.666,47 na compra (link
– acessado em 08-7-15 às 18:35), representando uma queda de -0,59% em relação
ao fechamento de ontem.
Em função do feriado na cidade de São Paulo, não teremos
negociações na BM&F Bovespa. Mas as incertezas em torno de Grécia e, agora entrando
no radar, China poderão trazer alguma volatilidade nas taxas de juros nos
próximos dias, comprometendo o rendimento das NTNBs. Para os próximos meses,
caso os índices de preços comecem a apresentar alguma desaceleração, cujo
cenário venho vislumbrado, os investimentos nesta modalidade de aplicação
passarão a se tornar bem atrativos.
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