O mercado de taxas de juros experimentou mais um dia de
altas na sessão de hoje diante da divulgação do Boletim Focus. No levantamento
divulgado pelo Banco Central as expectativas para o IPCA de 2015 passaram de
8,46% para 8,79%, o que reacende as apostas para um aperto adicional na política
monetária, cuja meta hoje se encontra na casa dos 13,75% - esperava-se até
pouco tempo atrás um teto de 14,0% mas já se especula uma taxa superior a este
patamar até o final deste ano.
Diante da alta nas taxas de juros a reação do mercado de
títulos públicos não poderia ser diferente: queda no rendimento dos mesmos no intraday. O Tesouro IPCA+ com Juros
Semestrais 2050 (NTNB) encerrou nesta segunda-feira cotado a R$ 2.727,91 na compra (link
– acessado em 15-6-15 às 18:18) – queda de -0,74% em relação ao PU de
referencia desta sexta-feira, 12 de junho, divulgado pela Anbima.
A grande preocupação gira em torno das expectativas de
inflação para 2016 cuja meta estabelecida pela autoridade monetária está em
4,5%. Acredita-se que é dado como certo o contágio nos preços praticados neste
ano para a inflação do ano que vem, vide repasses via dissídios salariais e reajustes
dos contratos indexados aos índices de preços.
Diante do comprometimento declarado em
cumprir a meta, o Banco Central não vê muitas alternativas senão persegui-la a
um alto custo social via medidas “hawkish” (falcão em inglês que significa um
tom mais agressivo ou contracionista por meio de maior aperto monetário). Uma
revisão na meta é tida como uma medida de “relaxamento” segundo artigo
publicado por Vinicius Torres Freire no jornal Folha de São Paulo no dia
14-06-15, o que representaria uma perda de credibilidade na já tão abalada
confiança dos investidores em relação a situação econômica e política do país.
Minha avaliação é de que os preços continuarão a pressionar
as taxas no curto prazo devido a fatores como reajustes tarifários e uma
possível alta do dólar. Entretanto, acredito que a partir de meados de agosto
os indicadores de atividade e do setor público poderão nos dar uma idéia mais
clara do que esperar para 2016 trazendo consigo, em minha opinião, uma melhora
nas expectativas de preços para o próximo ano e, consequentemente, um
arrefecimento nas taxas de juros e melhora no rendimento dos títulos públicos
ex-Tesouro Selic.
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