Por Carlos Soares Rodrigues,
Na expectativa do encontro do Federal Reserve – Fed nesta
quarta-feira a moeda norte americana registrou recuo de mais de 1% e as bolsas
subiram ao redor do globo. O movimento externo também teve a contribuição dos dados
desanimadores do setor imobiliário norte americano: queda de -11,1% das Construções
de novas casas no mês de maio (projeção de -3,1% segundo levantamento divulgado
pelo site Investing.com). Dados mais fracos de atividade arrefecem as
especulações em torno do aumento das taxas de juros nos Estados Unidos, cujas
expectativas apontam para que ocorra em meados de setembro deste ano.
Esse fluxo estrangeiro ingresso no mercado brasileiro,
segundo analistas consultados pela mídia nacional, também foi atraído pelo bom retorno
oferecido pelas aplicações de renda fixa por aqui. Como de praxe todo aumento
na demanda leva ao aumento nos preços, e com os títulos públicos não foi
diferente: o Tesouro IPCA+ com Juros Semestrais 2050 (NTNB) encerrou nesta terça-feira
cotado a R$ 2.732,96 na compra (link
– acessado em 16-6-15 às 18:29) – alta de +0,19% em relação ao fechamento de
ontem.
Outro dado que contribuiu para a queda nas taxas de juros
locais (e aumento nas cotações dos títulos públicos) foi a divulgação da Pesquisa Mensal do Comércio pelo IBGE que apresentou
um recuo de -0,4% no volume de vendas no mês de abril em relação ao mês de
março – o consenso dos analistas consultados pelo Valor Data apontavam para uma
alta de +0,5%.
Na comparação com abr-14 o volume de vendas no comércio apresentou
queda de -3,5% no varejo e de -8,5% no varejo ampliado (que inclui venda de
veículos e de materiais de construção). Conforme podemos observar no gráfico
abaixo, os setores que mais sofreram decréscimo no volume de vendas, comparado
ao mesmo período do ano passado, foram aqueles que tem como característica ser mais
crédito-intensivo, ou seja, aqueles cuja demanda depende intrinsicamente ao
volume de crédito. Contudo, a queda no volume de vendas começa a contaminar
setores tidos como mais defensivos como "Hipermercados e Supermercados". A exceção
do ficou para os setores "Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de
perfumaria" cuja demanda apresenta certa inelasticidade em relação aos preços (abrange
bens essenciais como medicamentos) e para o setor de "Equipamentos e materiais
para escritório, informática e comunicação" que, de acordo com a gerente da Coordenação
de Serviços e Comércio do IBGE, Juliana Paiva, refletiu o decréscimo dos preços
e os incentivos a tecnologia destes produtos.
A agenda econômica de amanhã prevê a divulgação de
importantes indicadores de atividade nos Estados Unidos e por aqui (IBC-BR,
prévia do PIB apurada pelo Banco Central). Além disso, teremos o encontro do
FOMC (Federal Reserve - Fed) que poderá nos dar uma ideia de quando teremos o início do aperto
monetário na economia norte americana. Portanto, em dia de grandes incertezas a
aversão ao risco tende a aumentar trazendo consigo, na minha opinião, um movimento de alta nas
taxas de juros com queda no rendimento intraday
dos títulos públicos no mercado local.
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