terça-feira, 16 de junho de 2015

TESOURO DIRETO: MERCADO DE TESOURO IPCA – Jun 16th, 2015


Por Carlos Soares Rodrigues,

Na expectativa do encontro do Federal Reserve – Fed nesta quarta-feira a moeda norte americana registrou recuo de mais de 1% e as bolsas subiram ao redor do globo. O movimento externo também teve a contribuição dos dados desanimadores do setor imobiliário norte americano: queda de -11,1% das Construções de novas casas no mês de maio (projeção de -3,1% segundo levantamento divulgado pelo site Investing.com). Dados mais fracos de atividade arrefecem as especulações em torno do aumento das taxas de juros nos Estados Unidos, cujas expectativas apontam para que ocorra em meados de setembro deste ano.

Esse fluxo estrangeiro ingresso no mercado brasileiro, segundo analistas consultados pela mídia nacional, também foi atraído pelo bom retorno oferecido pelas aplicações de renda fixa por aqui. Como de praxe todo aumento na demanda leva ao aumento nos preços, e com os títulos públicos não foi diferente: o Tesouro IPCA+ com Juros Semestrais 2050 (NTNB) encerrou nesta terça-feira cotado a R$  2.732,96 na compra (link – acessado em 16-6-15 às 18:29) – alta de +0,19% em relação ao fechamento de ontem.


Outro dado que contribuiu para a queda nas taxas de juros locais  (e aumento nas cotações dos títulos públicos) foi a divulgação da Pesquisa Mensal do Comércio pelo IBGE que apresentou um recuo de -0,4% no volume de vendas no mês de abril em relação ao mês de março – o consenso dos analistas consultados pelo Valor Data apontavam para uma alta de +0,5%.


Na comparação com abr-14 o volume de vendas no comércio apresentou queda de -3,5% no varejo e de -8,5% no varejo ampliado (que inclui venda de veículos e de materiais de construção). Conforme podemos observar no gráfico abaixo, os setores que mais sofreram decréscimo no volume de vendas, comparado ao mesmo período do ano passado, foram aqueles que tem como característica ser mais crédito-intensivo, ou seja, aqueles cuja demanda depende intrinsicamente ao volume de crédito. Contudo, a queda no volume de vendas começa a contaminar setores tidos como mais defensivos como "Hipermercados e Supermercados". A exceção do ficou para os setores "Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria" cuja demanda apresenta certa inelasticidade em relação aos preços (abrange bens essenciais como medicamentos) e para o setor de "Equipamentos e materiais para escritório, informática e comunicação" que, de acordo com a gerente da Coordenação de Serviços e Comércio do IBGE, Juliana Paiva, refletiu o decréscimo dos preços e os incentivos a tecnologia destes produtos.



A agenda econômica de amanhã prevê a divulgação de importantes indicadores de atividade nos Estados Unidos e por aqui (IBC-BR, prévia do PIB apurada pelo Banco Central). Além disso, teremos o encontro do FOMC (Federal Reserve - Fed) que poderá nos dar uma ideia de quando teremos o início do aperto monetário na economia norte americana. Portanto, em dia de grandes incertezas a aversão ao risco tende a aumentar trazendo consigo, na minha opinião, um movimento de alta nas taxas de juros com queda no rendimento intraday dos títulos públicos no mercado local.

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