Por Carlos Soares Rodrigues,
Os indicadores divulgados nesta sexta-feira mostraram que os
esforços do governo estão cada vez mais desafiadores, fazendo com que a aversão
dos investidores aumentasse na sessão de hoje e postergasse ainda mais as possibilidades de queda nas taxas de juros.
Como esperado a queda da atividade econômica brasileira se
intensificou no 2T15 e, como divulgado pelo IBGE, registrou um recuo de -2,6%
em relação ao 2T14. Com exceção da atividade agropecuária, todas as categorias
registraram queda em relação ao ano anterior e refletiram a “deterioração dos
indicadores de inflação, juros, crédito, emprego e renda”. A queda no nível de
atividade até poderia sinalizar um relaxamento na política monetária,
contudo a queda na arrecadação traz um ingrediente a mais no já combalido
equilíbrio das contas públicas.
Por falar em contas públicas foi divulgado na manhã desta
sexta-feira o resultado fiscal do governo consolidado - que inclui todos os
entes da federação incluindo as empresas estatais – e, também como esperado, apresentou
um péssimo desempenho no mês de julho. No acumulado em 12 meses (sem considerar
a inflação) o déficit primário do setor público atingiu R$ 51 bilhões devido a conjunção de queda na arrecadação com compromissos obrigatórios
assumidos nos últimos anos. A piora deste indicador faz com que a aversão dos
investidores em relação a capacidade de pagamentos do governo piore, levando a
uma alta nas taxas futuras de juros e, consequentemente, maior desconto nos
preços dos títulos públicos.
Portanto, na sessão de hoje o movimento não
poderia ter sido diferente: alta nas taxas até os vencimentos de médio prazo.
Já os vértices mais longos, que interferem o retorno das NTN-Bs 2050,
registraram queda devido ao maior apetite dos investidores estrangeiros –
segundo noticiado pelo jornal Valor Econômico – em busca de maiores retornos e
sinais de melhora no nível de atividade no exterior.
Diante disso, os títulos de Tesouro IPCA + com Juros
Semestrais 2050 (NTNB) encerraram cotados, a R$ 2.376,43 na compra (link
– atualizado em: 28-08-2015 18:24), representando uma alta de 0,70% em relação
ao último fechamento.
Para esta segunda-feira, segundo a agenda econômica da Enfoque
(link),
teremos apenas, com alguma relevância, a divulgação do Relatório Focus que, na
minha opinião, não trará grandes novidades em relação às expectativas do
mercado. Portanto, para a próxima sessão, ceteris
paribus, espero um comportamento neutro das taxas de juros com possibilidade de termos uma ligeira recuperação nos preços das NTN-Bs.
Espera-se que com a retomada da atividade econômica e
reequilíbrio das contas públicas no médio/longo prazo os preços das NTN-Bs
voltem a apresentar retornos mais consistentes. Por enquanto, recomenda-se que
se invista nestes papéis com cautela aproveitando as sucessivas quedas, melhorando seu custo médio de modo que se possa auferir maiores ganhos ao longo dos
próximos anos. Vale lembrar que este tipo de aplicação possibilita ao
investidor um fluxo de juros semestrais através dos pagamentos de cupons que,
ao meu ver, ao longo do tempo pode se tornar uma renda complementar conforme o
montante investido for aumentando. No longo prazo acredito que esta modalidade
é uma boa alternativa de investimentos.
Segue abaixo o retorno dos títulos fornecido pelo Tesouro
Direto - também disponíveis no link
(para melhor visualização clique sobre a imagem).
Obs.: até o encerramento deste post o Tesouro Direto não havia disponibilizado a tabela de rentabilidade atualizada.